Ele foi meus sonhos. Ele me acolheu com todos os choros e a crise eterna que eu mantinha dentro e fora de mim. Brincava de ser pai, de me mandar estudar Matemática, enquanto ele tinha para o dia seguinte um trabalho de Farmacologia. Ria das minhas gírias, da minha baixa-estima e dos cachos que meu cabelo preto fazia nas pontas douradas. Ele ria de mim. Eu o chamava de "meu namorado", e ele me chamava pelo nome. Ele mentia, mentia porque eu era divertida e achava que ele cantava bem. Eu mentia. Ele cantava mal. Ele me fazia mal.
Com ele eu chorei, me apaixonei e achei que amei. Tudo junto. Escrevi cartas que até a última arrumação do meu quarto, estavam numa caixa que sei lá onde estão - se é que estão. Ele dizia que eu nunca conseguiria ser a jornalista que tanto sonhava, que eu pensava alto demais. E falava demais, também. Eu dizia que um dia ia escrever sobre ele, em uma daquelas colunas finais de revistas que falavam de amor. Ele riu e disse que isso nunca ia acontecer, porque ele não merecia. Ele realmente não merecia.
Ele segurou minha cintura, me levou no carro prata do seu pai para ver o mais bonito pôr-do-sol. Nesse dia choveu. Ele dedicou uma música sertaneja para mim. Nunca haviam dedicado músicas para mim. Quanto mais sertaneja! Daquelas que você só escuta ou quando tá apaixonado ou com dor de cutuvelo. Ele foi o primeiro a pagar a conta, a me deixar dirigir, me libertar para sofrer e brincar de amar. Aquilo não era amor. Dos mais sinceros homens que conheci, ele soube me dizer Adeus. Mas espera aí. Homens nunca dizem Adeus, eu li isso em algum livro. Estou me despedindo garota, se cuida, até nunca mais. Ele disse nunca mais.
Nunca mais é muito tempo. Mas é o suficiente para tirar as pessoas das nossas vidas. Por muito - e necessário - tempo.
Com ele eu chorei, me apaixonei e achei que amei. Tudo junto. Escrevi cartas que até a última arrumação do meu quarto, estavam numa caixa que sei lá onde estão - se é que estão. Ele dizia que eu nunca conseguiria ser a jornalista que tanto sonhava, que eu pensava alto demais. E falava demais, também. Eu dizia que um dia ia escrever sobre ele, em uma daquelas colunas finais de revistas que falavam de amor. Ele riu e disse que isso nunca ia acontecer, porque ele não merecia. Ele realmente não merecia.
Ele segurou minha cintura, me levou no carro prata do seu pai para ver o mais bonito pôr-do-sol. Nesse dia choveu. Ele dedicou uma música sertaneja para mim. Nunca haviam dedicado músicas para mim. Quanto mais sertaneja! Daquelas que você só escuta ou quando tá apaixonado ou com dor de cutuvelo. Ele foi o primeiro a pagar a conta, a me deixar dirigir, me libertar para sofrer e brincar de amar. Aquilo não era amor. Dos mais sinceros homens que conheci, ele soube me dizer Adeus. Mas espera aí. Homens nunca dizem Adeus, eu li isso em algum livro. Estou me despedindo garota, se cuida, até nunca mais. Ele disse nunca mais.
Nunca mais é muito tempo. Mas é o suficiente para tirar as pessoas das nossas vidas. Por muito - e necessário - tempo.
Adaptação do texto lindo da Marcela Brafman.
Que lindo Jéssica, adorei! Tem todo um amadurecimento, uma sabedoria, muito suave.. Gostei mesmo, parabéns!!
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